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segunda-feira, 5 de julho de 2010

OFF

Nunca me rendi a um off, mas aí vai ele... OFF.

No blog, no twitter, no orkut, no facebook... OFF!

Agora, só estarei ON na minha realidade não-virtual.

Mas não é que eu queira, é que eu preciso. Preciso me concentrar nuns projetos e essas redes sociais viciam. A gente entra pra ver "só um pouquinho" e acaba ficando o dia inteiro.

Daqui a dois meses eu volto!

OFF! E até lá =)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

La Cajita Feliz

Teve uma coisa que me fez rir muito esses dias: La Cajita Feliz. Mas não vou falar sobre isso não, porque a Fabiana, do blog Elas & Etc., soube expressar melhor. Lê lá, vai!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

João




Esse post é uma homenagem ao bebê da Clarinha, o João, que nasceu na segunda-feira, dia 14 de junho. Até agora, só vi por foto, mas já deu pra ver que ele é lindo! Por razões óbvias, a Clara escreverá menos neste blog, por enquanto (por enquanto! rs). Mas, para saber mais sobre a maternidade a partir do ponto de vista da nossa amiga, acompanhe o Meu Menino Tigre.

Parabéns, Clarinha!
Bem-vindo, tigrinho!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Eu, pesquisadora



Tem coisas que não têm preço. Há um mês, exatamente, eu estava na Espanha. A parte ruim é que era a trabalho, por apenas quatro dias. O lugar exato era Salamanca, que abriga uma das universidades mais antigas do país (foi criada em 1218) e leva o mesmo nome da cidade.

Salamanca é pequena; tem cerca de 160 mil habitantes. É uma cidade universitária, cheia de repúblicas, como nossa Ouro Preto, em Minas Gerais. Tem uma catedral belíssima, um rio que corta a cidade, uma Plaza Mayor como a de Madrid – guardadas as devidas proporções. Enfim, paisagens europeias como a gente costuma ver por lá. Mas, de tudo, o que me chamou mesmo a atenção foi uma biblioteca.

Nem todo mundo tem acesso à Biblioteca General de la Universidad de Salamanca; apenas pesquisadores cadastrados. Taí uma vantagem de se viajar a serviço, ainda mais quando o trabalho é na área da educação. Minhas companheiras de missão e eu fomos convidadas a conhecer o acervo. “Chato”, pensei. Perto da hora do almoço, meus pensamentos estavam voltados para um certo jamón ibérico, servido como entrada costumeiramente nos restaurantes espanhois.

Na entrada da biblioteca, nos aguardava um rapaz calçado em luvas brancas, funcionário do local, que nos guiaria através das salas, em meio aos livros velhos (que me fazem espirrar, geralmente). Fazia frio, muito frio lá dentro; não pode haver calefação artificial, por causa da conservação do acervo. “Chato”, pensei de novo.

Ao pisar no primeiro corredor do grande edifício – quando o terceiro “chato” começava a brotar na minha mente – dou de cara com uma obra que eu adoro: Don Quixote. Não era uma edição qualquer do texto de Miguel de Cervantes (que, aliás, estudou na Universidade de Salamanca); era uma edição comemorativa do século 18, impressa em papéis mesclados com fios de ouro. A capa era em ouro. As capitulares eram pintadas de ouro. E era ouro puro.

Ainda impressionada com aquela peça rara, fui percorrendo as alas da biblioteca, já esquecida do jamón vespertino. Entre os 140 mil livros pertencentes ao acervo, vi outras raridades. Manuscritos de cânticos do século 11, obras censuradas de Galileu Galilei – o cara que descobriu o princípio da inércia e que, além de físico, era matemático, astrônomo e filósofo. Os textos do Galileu eram os originais, com páginas arrancadas, colagens e rabiscos feitos pelo censor. Naquela época, lá no século 17, a igreja acusava o cientista de defender opiniões contrárias às Escrituras.

E a cartografia? Vi globos terrestres de todo tipo, confeccionados há centenas de anos, desde quando achavam que a terra era plana, bem antes de Ptolomeu vir com a ideia de um globo curvado, com latitudes e longitudes.

Foi então que nos levaram à sala mais secreta de todas: o cofre. Não, nada de milhões de euros. As preciosidades guardadas nesse lugar são muito, muito mais valiosas. Dentro de uma arca de madeira, coberta por barras de ferro e trancada a cinco chaves (de verdade, não é força de expressão), estava um dos primeiros exemplares da Torá, o livro dos judeus, em um rolo manuscrito tão extenso que não deu pra desenrolar nem um décimo dele. Na mesma arca, o que me deixou mais boquiaberta: a mapa usado por Cristóvão Colombo (que também foi estudante de Salamanca) para chegar às Índias e com o qual acabou chegando à América.

Impagável.

Na terra das touradas e do flamenco, me descobri pesquisadora. E uma grande amante da História.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Feliz ano novo

Que venha o BBB 11? Não, por favor, não!

Não vou ser dissimulada. Gosto, sim, de reality shows. Programas de auditório, então, nem se fale. São ótimas oportunidades para esvaziar a mente, que se abarrota de tantos conhecimentos, aprendizados, interpretações, percepções e resoluções ao longo do dia.

Nem venha me chamar de pseudointelectual; sou intelectual sim. Isso não significa ser o suprassumo da sabedoria e cultura. Não, não. Significa ter dotes de espírito e inteligência. Significa ter gosto predominante pelas coisas do espírito e da inteligência. Eu tenho. Mas, o que é predominante não é total; portanto, também tenho gosto pelo que é irrelevante.

A intelectualidade também carrega consigo a capacidade de repúdio à hipocrisia. Então, vou dizer alto: A-DO-RO reality shows.

Mas, o Big Brother Brasil já não desce mais pela minha garganta. Assim como as novelas. Mesmo as imbecilidades têm que evoluir, concorda? No entanto, parece que é o contrário. Quanto mais superado o formato do programa fica, parece que se torna mais atraente para as pessoas.

E eu me pego indagando: por que deixo de gostar dessas bobagens televisivas, se elas continuam a mesma coisa, com o mesmo estilo que me fez gostar nas primeiras edições?

É porque fico com ciúmes. Ciúmes de shows de televisão que atraem mais as pessoas do que um bom papo com um amigo, do que tomar um iogurte gelado ali na esquina, do que sair pra passear pela cidade, ver gente, ao vivo. Nunca fui do tipo que deixa de fazer algo (no sentido vivencial da coisa mesmo), para ficar assistindo, hipnotizada, a um programa. O que se vê, pode ser visto de novo numa reprise ou no youtube, hoje, mais do que nunca. O que se vive, não. Tampouco gosto de falar sobre um mesmo assunto por muito tempo. Cansa e é chato.

E essa passou a ser minha birra com o BBB e as novelas. Nem é pelo estilo de programa (até porque, quem vê Solitários do SBT, pode falar o quê?), mas pelo poder hipodérmico – aquele do Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick – que eles concentram. Nessa hora, parece mesmo que a massa somos nós e que somos homogêneos.

Todos se prendem, se amarram, se envolvem nas tramas e, no dia seguinte, o papo é só esse. Para onde se olha, se vê o BBB. O Dourado campeão. Não tem como fugir. EU NÃO QUERO SABER! Mas, acabo sabendo; como não ficar sabendo?

Acho que não é preciso mais desejar feliz ano novo para os brasileiros depois do carnaval. O marco, agora, é o BBB.

Feliz ano novo. Temos os próximos nove meses para voltar a viver.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Bolinhas de sabão



Tomei 500 mgs de saudosismo ontem à noite. Tava sentada, pensando. Sabe aquelas coisas absolutamente necessárias e adiáveis? Pois bem...era essa a pauta. Coisinhas que dependem de um estalar de dedos e que ainda assim postergamos cada dia mais. O fato é que estava sentada em frente ao computador e eis que vem a mim aquela entidade brincalhona, o destino. O destino é um sambista. Chapéu panamá, cavanhaque e duas covinhas bem marcadas e diametralmente opostas nas bochechas. Ao menos foi sempre assim que o imaginei. E mascando chicletes, claro. Entre uma bola e outra, o danado do espírito cisma em fazer gracinhas com a cara da gente. Pois dessa vez fui eu a escolhida. Tava distraída, quem mandou? Sei que de repente aquela sensação de flechada, o corpo arrepiado, vontade de correr e dançar, tudo junto. O motivo? Segue no link... quem tiver mais de 25 lembra. Cliquem em Lucy & Linus.


http://www.radio.uol.com.br/#/busca/musica/Linus%20&%20Lucy

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Contadora de histórias (I): O furto

Há dias em que acordo com vontade de ser igual ao Forrest Gump: contar histórias ou sair correndo. Hoje, resolvi contar histórias.

Um dia, minha bolsa foi roubada. Tinha tudo lá dentro; e até mais um pouco. Desde o óbvio e indispensável, como carteira, documentos e chaves, até o supérfluo, como guarda-chuva, iPod, agenda e óculos de sol.

O meliante fugiu bem rápido. Debaixo de chuva, seus pés calçados em chinelos desgastados pisavam – um tanto trôpegos dada a adrenalina do momento – nas poças de água e lama formadas pelo temporal que caía na noite de uma quarta-feira qualquer, em uma quadra qualquer do plano piloto. Dois rapazes prestativos ainda tentaram correr atrás dele. Em vão.

Enquanto isso, eu, cheia de sacolas de compras nas duas mãos (aliás, até hoje tento imaginar como o malandrinho conseguiu arrancar a bolsa de meus ombros e passá-la por minhas mãos grudadas firmemente aos sete ou oito sacos plásticos cheios de enlatados e congelados, um tanto pesados, sem derrubar tudo. Acho que ele era mágico.)... O que eu dizia? “Dizia eu que a aritmética...” Não, não, dizia eu que fiquei ali parada, enquanto os rapazes corriam atrás do pivete (sim, era um menino, um adolescente franzino), ainda com as sacolas nas mãos, um tanto pasma, meio sem entender o que havia ocorrido.

Ainda com essa sensação, pensei no que fazer. “O que as pessoas fazem nesse caso?” Gritei um pouco – não é isso que se faz? – Pega ladrão! Socorro! Coisas do tipo. Ah, sim, não pense que foi efeito retardado; esse pensamento-e-ato se passou no segundo seguinte ao do ocorrido. Não se admire com minha reação; em 27 anos de existência, nunca havia sido roubada. Furtada, aliás, como disse o delegado que fez o “bê ó”. Furtada, na condição de transeunte, para ser mais exata na transcrição das palavras dele.

Tudo o que se passou depois, não vou detalhar tanto. O boletim de ocorrência, registrei. O celular e os cartões, bloqueei. A fechadura de casa, troquei. Os documentos, achei (parece que o furtador não se interessou pela minha carteira de motorista, minhas carteirinhas de estudante e do clube, nem meus cupons promocionais de restaurantes e largou tudo isso no meio do caminho). Enfim, ficou tudo bem.

Mas, me ficou um vaziozinho, uma pontinha de não-sei-quê. Não sabia o que era. O susto já tinha passado. Eu estava intacta. Meus documentos e cartões, protegidos. Ok, pensei na ineficácia do Estado sim, na falta de segurança, no crescimento da violência urbana, na oportunidade de educação que o coitado do garoto talvez não tivesse tido.

Dias depois, entendi o que eu sentia. Era saudade. Das pequenas coisas que faziam parte do meu cotidiano, que estavam naquela bolsa, mais difíceis de serem recuperadas do que meus documentos. E das quais eu gostava. Eram minhas. Bem minhas.

A agenda, com anotações do que teria que fazer nos próximos dias, com contatos e rabiscos, com receitinhas aleatórias e mapa da casa de amigos. A bolsinha de maquiagem, com aquele batom cremoso, de cor marrom, com brilho, que ganhei de presente da minha mãe e nunca vi igual por aqui. O óculos de sol grande e redondo, que tinha uma alça quebrada, colada com super-bonder pelo meu marido, que o fez com todo cuidado e carinho. O guarda-chuva vermelho, que era pequeno, fácil de guardar e me salvou de tanto apuro nos dias de chuva intensa ao sair do cabeleireiro – e me colocou em um tanto de apuro também nos dias de tempestade, já que era frágil e virava do avesso na primeira rajada de vento forte. O iPod, não o iPod em si, mas os 3,9 giga de músicas contidas nele, escolhidas com esmero, na ordem em que eu gostava de escutar.

Aquela caneta sem tampa.

Aquele pente sem dois dentes.

Há coisas que não se recuperam. Se substituem. Que são nossas durante muito tempo, mas no minuto seguinte não são mais. Que parecem fúteis, mas fazem falta. Não pelo poder de usufruto, e sim pelas características únicas que adquirem a partir do momento que passam a fazer parte de você. São suas. Bem suas.

Espero, pelo menos, que o ladrão faça bom proveito das coisas ex-minhas.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Violência gratuita

Estava guardada numa gaveta, deslocada pra lá e pra cá em mil mudanças, e eu não me lembrava. Era uma das edições da coluna do Contardo Calligaris, publicada em 4 de setembro de 2008 na Folha de São Paulo –, em que o psicanalista fala sobre ciúmes.
Pois não imaginaria, quando meti o texto na gaveta, que o assunto daquela coluna guardaria estreita relação com um episódio assombroso da minha vida, que viria a acontecer mais de um ano depois da data de publicação.

Há dois dias, recebi de uma conhecida uma mensagem de texto de um ódio pulsante, enviada por sms para meu celular. Não reproduzirei aqui as palavras chulas que qualquer mente pouco imaginativa poderá certamente representar com fidelidade. A portadora dos maus sentimentos é uma mulher traída. O namorado, ao se ver longe dela, buscou consolo nos braços de outra mulher. O meu pecado, imperdoável, foi o de ser amiga da outra, de ser intimamente ligada ao objeto da raiva da mulher traída, àquilo que desencadeou o sentimento de ameaça ao relacionamento cambaleante da traída e feriu seu amor próprio.

Incapaz de agarrar com as próprias mãos a suposta rival, a traída canalizou toda a raiva a mim - mais facilmente acessível graças à tecnologia de emails, chats e sites de relacionamentos. Foi a mesma tecnologia que estimulou o desejo incontrolável da traída de alimentar seu próprio ciúme. Segundo o namorado, foi por causa de uma invasão ao seu email pessoal que a traída descobriu o componente que faltava para justificar o ciúme. De acordo com Contardo, nem sempre o ciúme é reativo: às vezes, o ciumento inventa (ou procura) situações para alimentar seu ciúme. De posse da senha roubada do namorado, é bem provável que a traída tenha vasculhado mensagens antigas – já que o encontro com a outra ocorreu uma única vez há muitos meses passados - até encontrar algo que finalmente comprovaria sua tese desfiada dolorosamente há tempos: a de que o namorado não a ama como ela a ele e que, por isso, a trai, mente, esconde.

Ao arrombar as portas da intimidade virtual do namorado, a ciumenta também invadiu o programa de chat ligado ao e-mail, em que o rapaz me tinha entre seus contatos, e aproveitou a empreitada para lançar mais desaforos a mim. Além das palavras baixas, ameaças.

Seria um episódio lamentável e triste apenas, caso eu não estivesse grávida dos primeiros meses. Esta é uma fase em que uma grande alteração hormonal pode afetar seriamente a vida do bebê e a saúde da mãe. E eu me senti assustada e indefesa, diante de agressões gratuitas. Especialmente por, ao procurar a polícia, descobrir que estava em greve. “Só atendemos flagrantes”. Mas esse não é mesmo um caso flagrante de violência gratuita, indaguei inconsolada a mim mesma.

Em face do total descontrole da traída, de suas reações irascíveis e da falta de apoio público, procurei no texto de Contardo alguma explicação da psicanálise. “Os terapeutas psicodinâmicos notam que o ciumento é mais preocupado consigo e com seus rivais do que com o objeto de seu amor”. Logo, não há uma ética, uma conduta apropriada ou um limite capazes de frear os ímpetos destruidores do ciumento frente aos outros e até a si mesmo. Não importa à ciumenta, portanto, se o seu relacionamento torna-se escandalosamente dilacerado, se outros são atingidos, se há na história alguém mais frágil.

Ao que me parece, importa unicamente ao ciumento alimentar o próprio ciúme, e alimentando-o, nutrir também o seu desejo de vingança, principalmente, relativo ao rival ou a um terceiro, na tentativa vã de se livrar do sentimento que cultiva. Eu sou a terceira.

Mas, para além de tentar entender o comportamento violento, de tentar me proteger de alguma maneira, de me livrar do susto e do medo, senti uma tristeza, uma descrença grande demais nas pessoas, em qualquer pessoa, no amor. Como, afinal, esse sentimento pode atormentar e ultrajar tanto? Como amor e ódio podem ser assim tão entranhados? Acordei no meio da noite com pesadelos. Não pensava na ciumenta, pensava no meu filho nesse mundo de gente que comete violências gratuitas, que fere sem sentir. Chorei.

De manhã, vesti mecanicamente as roupas. Pensei no Estado que nunca está presente na vida dos cidadãos, nessa greve da polícia, no dia de trabalho pouco estimulante. Tomei café frio e evitei ligar o ipod no carro. Ao chegar ao trabalho, fui abordada pela guardete que confere os crachás de todos ao entrar. “O que é?”, perguntei com pressa e desdém. “É que você anda tão bonita ultimamente, linda. Eu tenho reparado isso e até comentei com sua colega. O que você tem de novo?”, surpreendeu-me. “Acho que é a gravidez”, respondi, me abrindo de novo em sorrisos. “Nossa, muitas felicidades, muitas felicidades!”, disse, comovida.

Sim, me lembrei. Também há no mundo as pessoas que causam pequenas felicidades assim, sem sentir. Eu espero que meu filho seja uma dessas pessoas. Que ele, ou ela, emocione mais que maltrate, faça rir mais que chorar, que se pareça mais com o pai que comigo e que, por isso, leve a vida mais leve, que saiba amar.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Simples assim

Um olhar. Uma brisa. Um sorriso.

Um pingo de chuva. Um raio de sol. Uma pequena nuvem.

Um risco. Um rabisco. Asterisco?

Aquele. O outro. Esse mesmo.

A vida. O amor. A gratidão.

Deus.

Somente. Sem mais. Tudo junto.

Pular o muro. Fugir na kombi. Mas não assaltar o caixa.

Dançar.

Dançar muito.

E esquecer. E lembrar. E fingir que não aconteceu.

E acreditar que aconteceu, mesmo não tendo acontecido.

Ou sim.

Respirar. E viver, viver muito. Ou viver pouco, mas bem.

Uma laranja. Uma banana. Ou nada disso.

A borboleta. O medo. Uma superação.

Foi-se. Vai-se. E volta.

A poesia.

A não-poesia.

Um olhar perdido. E um sorriso qualquer.

Simples assim. Ou difícil. Daquele jeito.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Bon día, Barcelona



No aeroporto lhe disseram que era fácil chegar à casa do amigo que ela nem sabia se estava à sua espera. “Basta pegar a linha 3 do metrô”. A informação veio em espanhol amável. Bom começo pra quem enfrentaria dias de catalão. Meio português, meio italiano, meio francês. “Definitivamente, língua latina”, sentenciaria dali a alguns dias. O guarda apontou com o braço esticado o caminho. Pessoas lendo as primeiras notícias da manhã, caras amassadas, fones de ouvido. Olhando para o nada, para os trilhos que não se vêem de dentro do vagão, aquela massa de gente às oito horas rumava para o trabalho. A vida segue no verão. Ela ansiava em ver a vida acontecer, em ir à praia. “Será que tenho coragem de fazer topless?”, cogitou.

O amigo se lembrava dela. Tinha se esquecido de deixar as chaves na caixa de correio. Toda viagem tem seus contratempos. Em cima da garupa da moto do anfitrião (coisa que nunca tinha pensado fazer) deixou os cabelos e o pensamento correr. Viu a Casa Batlló, parou na Sagrada Família. O moço queria logo impressioná-la. Não parava de falar da arquitetura de Gaudí, um catalão muito famoso. Só ficou mesmo na memória a cara do Cristo que a acompanhava onde fosse. Lembrou dos olhos da Mona Lisa. O Cristo encravado na entrada da igreja inacabada, com a cara pesada e grave, com a cara tão triste. E ainda nem tinha visto o outro lado da construção: a parte gótica. Sentiu calafrios.

O estômago roncava. Não achou graça nenhuma da comida francesa. Será que é por que comeu barato demais? “Se só o caro apetece, então não presta mesmo”, radicalizava. Naquela hora, até um brioche amanhecido servia. Descobriu as tapas. E a papas. Confundia toda hora. As papas vêm em tapas. Tudo vem em tapas, perceberia afinal. Tapas são porções. Papas, batatas. E como amou aquelas batatas com uma espécie de molho de alho com queijo. Dos pimentões verdes assados ainda sente o ardor. A boca enche d’água. Sim, preferiu a comida espanhola. Que os catalães não a ouçam generalizar.

Teve vontade de andar de bicicleta. Tantas bicicletas estacionadas. “Deveria me exercitar mais em Brasília”, sentiu pena. Usou o metrô. Satisfez a consciência pesada de tanta comida ao andar a pé. Seu senso de direção desusado rejeitou mapas e dirigiu-a a becos repetidos, ruas estreitas, muros de pedra, varandas abertas para o verão. Deixou-se vagabundear. Observou furtivamente transeuntes descolados, arranha céus deslocados.

No parque Guell, revisitou Gaudí. Agora, muito mais alegre. Em geral, não gostava de tanta gente reunida. Naquele dia, achou graça em tentar adivinhar o idioma falado pelo grupo ao lado. Ouviu um punhado de cantores de rua ensaiar garota de Ipanema. Percebeu um violoncelo ao longe. Passou não se sabe quanto tempo perdida entre jardins de mosaico, colunas e viadutos majestosos. Os minutos não contavam.

Teve tempo de olhar o mar do alto. Espiar os barcos. De lá de cima, imaginou os milhões de casais entrelaçados naquele instante em cada canto. Despediu-se do amigo, dos amigos do amigo. Prometeu encontros, telefonemas. Trocou endereços de e-mail. Mais um trem pela frente. Testaria seu espanhol em Madri.

Texto baseado em fotos de Monique Renne

terça-feira, 19 de maio de 2009

Movimento dos Sem Movimento















Numa tarde de quarta-feira, em abril, peguei a BR 174, saindo de Cuiabá para o interior do Mato Grosso. A viagem até meu destino tem cinco horas de duração, em média. Não fosse pelos buracos e desníveis da pista, o trajeto estava perfeito: nenhum (ou quase nenhum) caminhão na estrada e até o clima, sempre tão quente e úmido na região, ajudou, já que estava nublado e um tantinho mais fresco.

Peraí, nenhum caminhão na estrada? Até o motorista estranhou. Descendente de japonês, nascido em Marília (SP) e morador do Mato Grosso há mais de 20 anos, seu Mikió - que eu insistia, sem querer, em chamar de sr. Miyagi, o instrutor de Daniel-san no clássico Karatê Kid - era acostumado a fazer aquele percurso quase toda semana e disse não ser nada normal a falta de caminhões. De tempos em tempos, dava um sorriso alto e largo e bramava: “Estamos com sorte!”

Não era sorte; descobriríamos mais à frente, logo após passar por um posto de gasolina e ver cerca de 30 caminhões parados no pátio do posto. Logo após, também, parar em um posto na cidade de Cáceres e ouvir um zumzumzum entre brasileiros e bolivianos (Cáceres fica a 30 km da Bolívia) sobre um certo bloqueio na estrada. E logo após, finalmente, chegarmos ao tal bloqueio.

De longe, avistamos uma fila de carros e caminhões a perder de vista. Os motoristas, em pé, sentados na calçada, parados olhando para o tempo como o cara aí da foto, reunidos em grupinhos, até jogando um baralho. Uns balbuciavam reclamações, com semblante cansado ou preocupado. Outros arriscavam uma soneca, deitados em seus veículos. Mikió, devagarinho, foi ultrapassando quantos deu, já que a contramão estava livre, até que parou entre dois caminhões e resolveu descer para perguntar o que estava acontecendo.

Descobrimos o que sr. Miyagi já havia palpitado assim que vimos os veículos parados: era uma barreira do MST. Manifestantes do Movimento dos Sem-Terra bloquearam a rodovia, como parte do “abril vermelho”, em que eles fazem mobilizações e invasões no país todo para relembrar a morte de 19 integrantes do movimento, num confronto com a polícia militar, em Eldorado do Carajás (PA) há 13 anos. Os sem-terra também reinvidicavam o assentamento das famílias acampadas há mais de cinco anos às margens da pista e uma linha de crédito específica para a produção agrícola nos assentamentos.

Fiquei pensando no poderio que o MST adquiriu, à base da força, nos últimos anos. A interdição no Mato Grosso teve a presença de mais ou menos 130 manifestantes, que tinham em mãos enxadas e foices. A rodovia ficou fechada de sete da manhã às seis da tarde, com passagem liberada apenas para ambulâncias. A maioria dos carros desviou por uma estrada de terra; por isso, a barreira prejudicou principalmente aos caminhões. No fim, os prejudicados viram prejudicadores e sai todo mundo no prejuízo.

Minha sorte e de meu amigo japa seu Mikió foi que chegamos ao bloqueio às 17:30h e esperamos só meia hora para dar seguimento ao trajeto. Pior foi, aberta a rodovia, enfrentar aquele trânsito infernal e ultrapassar caminhões até chegar à cidade para onde íamos. Depois, fiquei sabendo de mais bloqueios nos dias seguintes. Na volta, pedi para viajar de noite e não correr o risco de ficar parada na estrada novamente.

O certo é que os movimentos “dos sem”, em geral, começam com uma causa nobre e acabam virando um monstrinho. Até entendo a máxima que diz “se não vai pelo amor, vai pela dor”, mas a violência e a insensatez fazem com que, no fim, alguém saia perdendo e não o contrário. O dos sem-terra é um movimento emblemático, mas dá para citar outros, como o dos sem-teto, sem-universidade e – pasmem! – dos sem fibra ótica, em Portugal. Até movimento dos sem-namorados inventaram agora. Esse, claro, nasceu como uma brincadeira, assim como o dos sem-praia.

Mas, do jeito que tá todo mundo doido, vai que eles inventam de se tornarem sérios. Vai que o dos sem-namorados resolve fazer barreiras aos restaurantes, hotéis e locais românticos em 12 de junho. Ou vai que o dos sem-praia sequestre os siris, por um pedaço de areia e mar. Hoje, quem não se filia, se arrelia. Vou me filiar ao Movimento dos Sem Movimento. Quero um movimento para mim também. Já.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Aniversário?



Envelhecer é perder certezas. Prestes a comemorar outro aniversário, questiono cada dia mais e respondo cada dia menos. Agora, em plena tensão pré-aniversário, volta e meia me pergunto quem é essa pessoa que passei a ser. Antes detestava qualquer mistura de doce com salgado e hoje corto mangas na salada. E também detestava felinos e hoje minhas duas gatas trazem os melhores momentos do dia. “Você não adorava frango?”, pergunta minha mãe atônita enquanto digo que já não como aves há três anos. E não, não...já não me importo tanto com esse arsenal de celulites, estrias e afins. E, definitivamente, sei que jamais terei seis filhos.
Então tá... chegaremos ao final da dinastia dos vinte anos e não, não sou bem-resolvida, não tenho o emprego dos meus sonhos, ainda carrego várias mágoas e continuo indiscreta e falante. Em minha defesa, posso afirmar que gosto mais de mim. Hoje tenho olhos mais benevolentes, por assim dizer. Sinto-me viva. Choro quando necessário, rio quando quero, durmo com as luzes acesas, ando descalça, como porcaria, ultrapasso o limite da bebida e dirijo cantando. Lembra da música do Caetano? Nine out of ten movie stars make me cry. I'm alive.” Viva, muito viva. Que venham os anos.


Quem quiser curtir a música do Caetano, segue o video.


sexta-feira, 20 de março de 2009

Entre a ironia e a indiferença

Achei o livro jogado em um armário do trabalho. Me interessei porque era um livro de mangá e o prefácio trazia instruções sobre o manuseio da obra. Como se tratavam de desenhos, não foi possível inverter a ordem da escrita oriental que, ao contrário da nossa, se faz da direita para a esquerda. Coisa esquisita, como se vê. Peguei o livro e parecia que estava lendo de trás para frente. O estranhamento passou rápido. A leitura foi tão boa que quando vi estava lendo da direita para a esquerda como se tivesse nascido no Japão.

A obra conta a história verídica de um escritor japonês que foi preso em 1994 por porte ilegal de armas. O sujeito tinha mania de fazer tiro ao alvo em latinhas no quintal de casa. Minha primeira surpresa foi essa então. Porte ilegal de armas, ainda que a pessoa seja réu primário, tenha residência fixa, passado ilibado, família, periquito e papagaio, dá cadeia no Japão. O camarada pegou três anos. E todo o livro conta a rotina do tal escritor nesse período de reclusão. Tudo minimamente desenhado a bico de pena, com impressões, detalhes, ruídos e todo um cenário que se transporta para a realidade do leitor.

Foi assim que Na Prisão, de Kaizuchi Hanawa, surpreendentemente adentrou a lista dos melhores livros que já li. O bom do relato é que não existe sofrimento nem juízo de valor. A simples rotina da cadeia, o acordar, o amanhecer, a passagem dos feriados e principalmente a comida. Como cada detalhe é esmiuçado, aos poucos fui entendendo e me incorporando da rotina descrita por ele. O casaco que segura o frio no inverno japonês, o banho de quinze minutos feito a cada dois dias, as cuecas com barbante de amarrar e todo um cotidiano, um cenário claro, nítido.

Muito diferente do que temos aqui, a cadeia é bem organizada e o escritor dividiu a cela com outros quatro presos, todos minuciosamente descritos. Em algumas ocasiões, Hanawa chega inclusive a agradecer por ser tão bem tratado apesar de ser um "criminoso". O sistema é rígido a ponto de os detentos precisarem chamar o carcereiro e pedir por favor para apanhar um lápis que caiu. Existem as posturas permitidas e as não permitidas. É proibido, por exemplo, deitar antes do horário de dormir. O melhor de tudo, reafirmo, é a postura do narrador, que fica entre o irônico e o indiferente. Recomendadíssimo.

Crédito
Hanawa, Kaizuichi.
Na Prisão/ Kazuichi Hanawa;(tradução Drik Sada).
São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2005.

Título Original: Keimusho no naga.
ISBN 85-7616-129-X

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A vida parou ou foi a bicicleta?


O belemense das palafitas anda de bicicleta. Guamá, Jurunas, Terra Firme: a periferia carrega tudo de bicicleta. A namorada vai na garupa, os sacos de farinha d’água, o gás pro almoço e pra janta, açaí da ilha pra comer com peixe no café da manhã. A cerpa de qualquer hora e a sinuca no boteco da esquina chegam mais rápido de bicicleta.

Ninguém sabe se ela leva o ciclista ou se o ciclista tem vida própria. Ela pára no meio da rua sem calçadas, sem esgoto, cheia de água parada. Ela não se incomoda com o lixo amontoado, liga o mute pras buzinas dos carros de outras bandas, desfila acompanhada. Ela leva o menino barrigudinho e o cachorro magro pra brincar no campo de futebol imaginado. Ela carrega a mãe pro ponto de ônibus alagado e a menina pra namorar detrás da casa abandonada. Ela não é vaidosa, anda enferrujada, descascada, sem marca e cheia de marcas. De bicicleta, a vida no bairro-cheiro-de-chorume passa e só a gente pública de Belém não quer ver.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Espiral de Preguiça


Sábado de mudança. Tarde de domingo pós mudança. A mulher está jogada no sofá. A gata pede comida. A mulher não levanta do sofá. A segunda gata pede comida.

A mulher levanta do sofá e vai colocar comida para as gatas. O saco é pesado e cai muita ração no prato. A mulher sabe que quando há muita ração as gatas passam mal. Ainda assim, vira as costas e volta ao sofá.

A primeira gata chega e vomita o excesso de ração. A mulher precisa levantar e limpar. Ela não vai. A segunda gata cheira o vômito da primeira. A mulher não levanta. A segunda gata come o vômito. O piso fica limpo. Tudo resolvido.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Síndrome de Dorothy

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar a lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver... Il faut aller voir - é preciso ir ver! É preciso questionar o que se aprendeu. É preciso ir tocá-lo." - Amyr Klink

A parte que eu mais gosto das palavras do navegador é a que fala sobre sentir a distância para estar bem sobre o próprio teto. Por mais curta que seja a distância, por pior que seja o teto.

Viajar é bom. Conhecer o desconhecido, reviver o conhecido; os mesmos lugares nunca são os mesmos, os outros lugares sempre têm um quê de mistério. É difícil não voltar saudosa de uma viagem. Saudosa do mundão que foi explorado e também do mundinho particular.

A nossa casa é em todo lugar, mas não há lugar como nosso lar.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Como reforçar paradigmas


Aprendi com uma amiga que é no cotidiano que se constroem e se rompem preconceitos. Aquela piadinha racista que é contada dentro de casa, com o aval dos pais e tios, é um veneno que vai se entranhando indelevelmente na vida das pessoas. Declarar mesmo: sou racista sim e daí? ninguém declara. Mas sorrir de uma piadinha inofensiva, que mal tem?
Ora, meus caros amigos, não é preciso ser lingüista para atestar o poder persuasivo de uma declaração permeada de humor. Em nome de uma boa piada, vale tudo.
Um dos mais antigos tratados sobre retórica, o clássico “Como vencer um discurso sem precisar ter razão', do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, já citava o uso do humor como um dos mais poderosos recursos da retórica moderna.
Pois bem. Falemos então daquele objeto de entretenimento inofensivo, a televisão. Alguns chamam até de eletrodoméstico. É coisa muito semelhante ao liquidificador. Batem-se conceitos antigos, roupas da moda, estereótipos à vontade e o que temos? Acertou quem disse novela das oito, Rede Globo.
Mocinhas loiras de olhos azuis – para reforçar o padrão colonizado de beleza – homens cujo maior mérito é o simples carregar do falo e gays que se salvam no final da novela e retornam às sendas do bem e do amor heterossexual. Falta mais alguma coisa? claro que sim. A esposa infiel que é duramente castigada por Deus e os negros que resolvem deixar a vida de luxo e retornar aos seus devidos lugares em subempregos, apesar da formação impecável.
Fica então uma sugestão ao sr. João Emanuel Carneiro, autor de A favorita. A novela já bateu os recordes de audiência e essa é a última semana, então surpreenda-nos. As metas já foram atingidas, então porque manter a mediocridade de conceitos?
Seguem sugestões para o final dos personagens.

Halley: casa-se com Orlandinho e vive feliz.
Lara: ganha a vida como cover da Xuxa em festas infantis.
Donatela: casa-se com César Augusto, afinal os dois são românticos, caipiras e sequelados.
Zé Bob: Responde ao correio sentimental do jornal de Triunfo.
Maria do Céu: administra, junto com dona Sirlene e suas meninas, um prostíbulo de homens.
Silveirinha: substitui Heath Ledger e encarna o Curinga na próxima versão de Batman.
Tarcísio Meira: Volta para os Thundercats como Mumm-Rá, o de vida eterna.
Elias: é eleito prefeito mais popular do país depois de implementar uma política pública de resgate da auto-estima feminina.
Dedina: não morre e dá aulas de pompoarismo nos cursos patrocinados por Elias.
Damião: fica brocha.
Leonardo: se torna pastor da igreja universal.
Catarina: casa-se com Stela,a amiga gente fina.
Romildo Rosa: torna-se assessor do ACM Neto.
Alicia Rosa: ganha rios de dinheiro como garota-propaganda de escova progressiva e se casa com Cassiano.
Flora: encontra, na cadeia, o amor de sua vida, o banqueiro Salvatore Alberto Cacciola, aquele proprietário do falido Banco Marka, condenado por crimes contra o sistema financeiro no Brasil, foragido na Itália após seu banco ter recebido uma ajuda financeira do Banco Central do Brasil para cobrir prejuízos com operações de câmbio. Gente fina igual ela...

E por aí vai. Posso até escutar os tambores retumbantes e a voz do Silvio Santos: Vamos abrir as portas da esperança...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Conselhos para um coração partido

O coração partido queria saber do amigo que nunca se metia em encrencas o que fazer para não doer.

­_ É só não amar, respondeu o amigo.

_ Mas isso não é possível, retrucou o coração partido.

Não convencido e nem satisfeito com a simpleza da resposta, o coração partido insistiu em saber os detalhes da experiência acumulada no peito do amigo, que assim o aconselhou:

_ Basta bater devagarinho, evitar os descompassos. Disparar, nem de vez em quando. Também não é bom abrir-se muito. Use o bom senso. Em momentos de felicidades intensamente passageiras, não há que se fechar, que nenhum ventrículo agüenta uma vida sem aventuras. Mas também não vá cultivar esperanças, planos que envolvam outro coração causam até ataque cardíaco. Não precisa guardar mágoa, encerrar-se em pedra. Indispensável mesmo é armazenar em cada cavidade um pouco de incredulidade, desapego e egoísmo.

Longa pausa. Longo suspiro

_ Acho que é bom doer, concluiu o coração partido, disposto a partir-(se) em outras.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Desejos de Natal

Esse vai diretamente para o meu marido. Primeiro natal como casada, sabe como é. Elaborei uma lista de possíveis presentes, a escolher. Coisas que só ele pode me dar.
1)Roupa espalhada pela casa;
2)Amigos para o almoço, sem avisar;
3)Cerveja no copo de cristal (não podia ser copo americano?);
4)Sujeira de bicicleta no meio da casa;
5)Sovaco fedidinho de manhã;
6)Chute da madrugada, sem querer. Serve tapa também;
7)Alergia de barba na cara e no pescoço;
8)Cd´s com a capa trocada;
9)Torcida de flamenguista contra o meu Vasco;
10)Barulho de liquidificador e panela às seis da manhã;
Enfim, todas essas pequenas coisas que fazem de você a pessoa que eu amo. Não mude nunca, por mais que eu peça. Mas olha, se não achar nada disso no shopping, pode ser o som do carro ou então aquele criado-mudo para que eu possa ler à noite e te atrapalhar a dormir.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Férias da Ana

A Ana tirou férias do trampo e, pelo jeito, do blog também. Hum, minha vez de postar, então. Até porque, semana que vem, sou eu quem entra de férias. Férias, inclusive, do computador.

Calma, não estarei na selva. Mas férias são férias, né?

Ainda não estou refém do computador ao ponto de trocar uma bela praia, um passeio, um pôr-do-sol, por uma postagem num blog, uma checagem de e-mail ou uma verificada no orkut.

É... sem Letícia por um mês. Para alguns, um martírio. Para outros, um alívio.

Paz.