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sábado, 2 de julho de 2011

Como fui me apaixonar?

Momento de massagem matinal.



- Crio até lagarta, mas gato não. Era o que costumava dizer.
- Sou do tipo abobalhada, me identifico mais com os cachorros. Era a sequência da primeira frase.
Descobri que ambas as premissas estavam erradas. Sim, eu me identifico com gatos e não, não sou do tipo abobalhada (ao menos não totalmente). Há cinco anos, crio duas gatas.
Existe nos felinos uma altivez fascinante. Vivo a me perguntar quem é dono de quem nessa relação. Os gatos imprimem respeito, não imploram carinho, não precisam de nós.

Assim que as gatas chegaram até mim, tive pena. Tão pequenas, tão abandonadas, tão frágeis. - Não, não e não!!! Gritaram as bichanas em coro. Piedade nunca!!! - arremataram, fazendo-me lembrar do parentesco óbvio com o rei da selva.

Ao menos para mim, o amor e a admiração são indissociáveis. Admiro minhas gatas. Admiro a independência, a inteligência, a agilidade, mas principalmente a petulância. Isso de não me olhar de baixo para cima, de não suplicar pelo meu amor.

Na convivência diária com estes seres misteriosos, descobri que auto-estima é o melhor afrodisíaco que existe. Minha gata mais arisca acaba de soltar uma de suas pérolas.
- Ainda que você seja uma gata vira-lata, maltratada e faminta, olhe para o mundo com a cara de tédio que ele merece.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Espiral de Preguiça


Sábado de mudança. Tarde de domingo pós mudança. A mulher está jogada no sofá. A gata pede comida. A mulher não levanta do sofá. A segunda gata pede comida.

A mulher levanta do sofá e vai colocar comida para as gatas. O saco é pesado e cai muita ração no prato. A mulher sabe que quando há muita ração as gatas passam mal. Ainda assim, vira as costas e volta ao sofá.

A primeira gata chega e vomita o excesso de ração. A mulher precisa levantar e limpar. Ela não vai. A segunda gata cheira o vômito da primeira. A mulher não levanta. A segunda gata come o vômito. O piso fica limpo. Tudo resolvido.