terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Conselhos para um coração partido

O coração partido queria saber do amigo que nunca se metia em encrencas o que fazer para não doer.

­_ É só não amar, respondeu o amigo.

_ Mas isso não é possível, retrucou o coração partido.

Não convencido e nem satisfeito com a simpleza da resposta, o coração partido insistiu em saber os detalhes da experiência acumulada no peito do amigo, que assim o aconselhou:

_ Basta bater devagarinho, evitar os descompassos. Disparar, nem de vez em quando. Também não é bom abrir-se muito. Use o bom senso. Em momentos de felicidades intensamente passageiras, não há que se fechar, que nenhum ventrículo agüenta uma vida sem aventuras. Mas também não vá cultivar esperanças, planos que envolvam outro coração causam até ataque cardíaco. Não precisa guardar mágoa, encerrar-se em pedra. Indispensável mesmo é armazenar em cada cavidade um pouco de incredulidade, desapego e egoísmo.

Longa pausa. Longo suspiro

_ Acho que é bom doer, concluiu o coração partido, disposto a partir-(se) em outras.

4 comentários:

Fabiana Gomes de Carvalho disse...

Marie, foi uma questão de identificação total!!! Amei! Parabéns! Continue escrevendo sobre desilusões amorosas (kkk) que vai bombar... Deixando sempre uma pontinha de esperança no final, né?! Hihi...

Unknown disse...

Boa receita! Um tanto quanto utópica, graças a Deus!!!Amar é muito bom, a dor faz parte, é como um "veneno antimonotonia". Corações partidos, sigamos em frente. Qualquer dia, mais cedo(espero) ou mais tarde, juntaremos os caquinhos num divertido jogo de sensações...
Maria Clara, 2009 está aí pra isso!!!Até lá.
bjs

Revisora do P... disse...

Concordo plenamente com o coração partido, melhor doer.

Ana Guimarães disse...

Ah, Marie... é isso mesmo. Não tem aquela música: "quem nunca curtiu uma piaxão, nunca vai ser nada não...". Lindo!