terça-feira, 19 de maio de 2009

Movimento dos Sem Movimento















Numa tarde de quarta-feira, em abril, peguei a BR 174, saindo de Cuiabá para o interior do Mato Grosso. A viagem até meu destino tem cinco horas de duração, em média. Não fosse pelos buracos e desníveis da pista, o trajeto estava perfeito: nenhum (ou quase nenhum) caminhão na estrada e até o clima, sempre tão quente e úmido na região, ajudou, já que estava nublado e um tantinho mais fresco.

Peraí, nenhum caminhão na estrada? Até o motorista estranhou. Descendente de japonês, nascido em Marília (SP) e morador do Mato Grosso há mais de 20 anos, seu Mikió - que eu insistia, sem querer, em chamar de sr. Miyagi, o instrutor de Daniel-san no clássico Karatê Kid - era acostumado a fazer aquele percurso quase toda semana e disse não ser nada normal a falta de caminhões. De tempos em tempos, dava um sorriso alto e largo e bramava: “Estamos com sorte!”

Não era sorte; descobriríamos mais à frente, logo após passar por um posto de gasolina e ver cerca de 30 caminhões parados no pátio do posto. Logo após, também, parar em um posto na cidade de Cáceres e ouvir um zumzumzum entre brasileiros e bolivianos (Cáceres fica a 30 km da Bolívia) sobre um certo bloqueio na estrada. E logo após, finalmente, chegarmos ao tal bloqueio.

De longe, avistamos uma fila de carros e caminhões a perder de vista. Os motoristas, em pé, sentados na calçada, parados olhando para o tempo como o cara aí da foto, reunidos em grupinhos, até jogando um baralho. Uns balbuciavam reclamações, com semblante cansado ou preocupado. Outros arriscavam uma soneca, deitados em seus veículos. Mikió, devagarinho, foi ultrapassando quantos deu, já que a contramão estava livre, até que parou entre dois caminhões e resolveu descer para perguntar o que estava acontecendo.

Descobrimos o que sr. Miyagi já havia palpitado assim que vimos os veículos parados: era uma barreira do MST. Manifestantes do Movimento dos Sem-Terra bloquearam a rodovia, como parte do “abril vermelho”, em que eles fazem mobilizações e invasões no país todo para relembrar a morte de 19 integrantes do movimento, num confronto com a polícia militar, em Eldorado do Carajás (PA) há 13 anos. Os sem-terra também reinvidicavam o assentamento das famílias acampadas há mais de cinco anos às margens da pista e uma linha de crédito específica para a produção agrícola nos assentamentos.

Fiquei pensando no poderio que o MST adquiriu, à base da força, nos últimos anos. A interdição no Mato Grosso teve a presença de mais ou menos 130 manifestantes, que tinham em mãos enxadas e foices. A rodovia ficou fechada de sete da manhã às seis da tarde, com passagem liberada apenas para ambulâncias. A maioria dos carros desviou por uma estrada de terra; por isso, a barreira prejudicou principalmente aos caminhões. No fim, os prejudicados viram prejudicadores e sai todo mundo no prejuízo.

Minha sorte e de meu amigo japa seu Mikió foi que chegamos ao bloqueio às 17:30h e esperamos só meia hora para dar seguimento ao trajeto. Pior foi, aberta a rodovia, enfrentar aquele trânsito infernal e ultrapassar caminhões até chegar à cidade para onde íamos. Depois, fiquei sabendo de mais bloqueios nos dias seguintes. Na volta, pedi para viajar de noite e não correr o risco de ficar parada na estrada novamente.

O certo é que os movimentos “dos sem”, em geral, começam com uma causa nobre e acabam virando um monstrinho. Até entendo a máxima que diz “se não vai pelo amor, vai pela dor”, mas a violência e a insensatez fazem com que, no fim, alguém saia perdendo e não o contrário. O dos sem-terra é um movimento emblemático, mas dá para citar outros, como o dos sem-teto, sem-universidade e – pasmem! – dos sem fibra ótica, em Portugal. Até movimento dos sem-namorados inventaram agora. Esse, claro, nasceu como uma brincadeira, assim como o dos sem-praia.

Mas, do jeito que tá todo mundo doido, vai que eles inventam de se tornarem sérios. Vai que o dos sem-namorados resolve fazer barreiras aos restaurantes, hotéis e locais românticos em 12 de junho. Ou vai que o dos sem-praia sequestre os siris, por um pedaço de areia e mar. Hoje, quem não se filia, se arrelia. Vou me filiar ao Movimento dos Sem Movimento. Quero um movimento para mim também. Já.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Aniversário?



Envelhecer é perder certezas. Prestes a comemorar outro aniversário, questiono cada dia mais e respondo cada dia menos. Agora, em plena tensão pré-aniversário, volta e meia me pergunto quem é essa pessoa que passei a ser. Antes detestava qualquer mistura de doce com salgado e hoje corto mangas na salada. E também detestava felinos e hoje minhas duas gatas trazem os melhores momentos do dia. “Você não adorava frango?”, pergunta minha mãe atônita enquanto digo que já não como aves há três anos. E não, não...já não me importo tanto com esse arsenal de celulites, estrias e afins. E, definitivamente, sei que jamais terei seis filhos.
Então tá... chegaremos ao final da dinastia dos vinte anos e não, não sou bem-resolvida, não tenho o emprego dos meus sonhos, ainda carrego várias mágoas e continuo indiscreta e falante. Em minha defesa, posso afirmar que gosto mais de mim. Hoje tenho olhos mais benevolentes, por assim dizer. Sinto-me viva. Choro quando necessário, rio quando quero, durmo com as luzes acesas, ando descalça, como porcaria, ultrapasso o limite da bebida e dirijo cantando. Lembra da música do Caetano? Nine out of ten movie stars make me cry. I'm alive.” Viva, muito viva. Que venham os anos.


Quem quiser curtir a música do Caetano, segue o video.


sexta-feira, 8 de maio de 2009

E o troféu vai para...

Que rufem os tambores! Eis o Top 5 Bananas e Laranjas dos vídeos mais engraçados dos últimos tempos. Agradecemos a participação, por comentário e e-mail, dos amigos, colegas, conhecidos e desconhecidos na votação. E a ordem é essa:

Em quinto lugar, o fofíssimo bebê que bamboleia como ninguém!

Na quarta posição, a senhora que manda bem no rap. Greta Segerson tá com tudo! Rimpalabiparti, a diá, diá...

Em terceiro, a menininha mais meiga e delicada, que trata tão bem seus coleguinhas na hora de brincar. Liciane Pescotapa!

A medalha de prata vai para ele, o Michael Jackson indiano, referência no mundo da música, da dança e da interpretação... GOLIMAR-MAR-MARRRRR!

No lugar mais alto do pódio, um repórter que nunca imaginou se dar mal ao tocar em inocentes uvas: Lasier Martins e seu famoso choque! Só para registrar, esse vídeo nos rendeu as melhores risadas e imitações possíveis nos nossos momentos de intervalo e de fim de expediente no trabalho. "Essas, mais de mesa", falava uma. "Aqui desse lado, Pederneiras", retrucava a outra, do outro lado da sala. Sempre, claro, a última finalizava com um sonoro "RAI AI!". E dávamos (ainda damos) risadas intermináveis... Pelo jeito, não é somente o nosso vídeo preferido, mas o de muita gente! Então, vamos rir de novo?