Esse domingo estava conversando com um amigo e chegamos a
uma conclusão óbvia: na minha geração era comum bater nas crianças. Eu apanhei.
Todo mundo meio que apanhava. Lembro de chegar na escola comentando que tinha
apanhado e escutar minha amiga dizer: “putz, eu apanhei semana passada”. Falando
assim parece que estávamos sendo espancados, todos nós, mas não. Era uma lógica
comum, sabe? Puxão de orelha, beliscão e cascudo comia solto. O treco era
disseminado. Era a época das havaianas de pau. Irmanados nessa realidade
absurda, fazíamos piada com a coisa. Tinha aquela de reparar no chinelo dos
pais (e mães). Rider era fatal. O bicho era bruto. Chinelada de Rider levantava
vergão até no Hulk. “Caraca... a mãe de fulano usa rider”, e todos entendíamos a
piada. Era engraçado, de verdade.
Hoje fico vendo essa discussão sobre a lei da palmada. Eu
não tenho filhos, mas sou impaciente. Não sei dizer, sendo bem sincera, se poderia
criar um filho sem nunca, jamais, perder as estribeiras. Especialmente porque
hoje em dia os pais criam os filhos até os trinta e tal. Sou contra a palmada, entretanto. Contra
mesmo. Não educa não, minha gente. O que
educa é diálogo, exemplo. Bater humilha. Eu me sentia humilhada quando vinham as
palmadas. Era o último recurso, né? Era a decisão do STF. Preciso dizer que fui
danada? Óbvio que era encapetada, quase um saci. Minha mãe, coitada, vai ejetar
direto pro céu. Sobe que nem foguete, aquela ali... certeza. Teve três filhotes
para madre Teresa nenhuma botar defeito. Mas sei lá... discordo da minha
criação nesse aspecto (e em vários outros), apesar de achar que os velhos
trabalharam bem. Bater é ruim, gente. Apanhar é pior ainda.
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