sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Elegância sem frescuras

Lendo o post anterior, da Ana, comecei a pensar no quanto a gente perde tempo com frescuras. Ao morar aqui na Indonésia, percebi que o que mais me faz falta são coisas simples: bife com batata frita, dividir a mesa de trabalho com uma colega querida e comer pão de queijo com café açucarado no intervalo, ir ao CCBB no domingo com algum amigo mal-humorado, mas extremamente companheiro.

Eu sempre fui daquelas que todos conhecem por ir direto ao ponto, meio bruta demais, sensível de menos, definitivamente sem frescuras. Mas, em alguns momentos, eu procurei encontrar um traço de delicadeza. Uma vontade de ser mais sutil, um pouco suave, elegante até. Aí, fuçando na blogosfera, achei um texto que explica o que eu queria ser. É assim:




"JEITO DE SER

Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja
cada vez mais rara: a elegância do comportamento.

É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que 
abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a
hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando
não há festa alguma nem fotógrafos por perto.

É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.
Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam
longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.
É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz
ao se dirigir a frentistas. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem
prazer em humilhar os outros. É possível detectá-la em pessoas pontuais.

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece,
é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete
e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte
antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante não ficar espaçoso demais.
É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro.
É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.

Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, 
a estar nele de uma forma não arrogante.
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação,
mas tentar imitá-la é improdutivo.

A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe
de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que
acha que com amigo não tem que ter estas frescuras.
Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que
não irão desfrutá-la. 

Educação enferruja por falta de uso. E, detalhe: não é frescura".

Texto de Martha Medeiros, escritora e colunista do Zero Hora, de Porto Alegre, e O Globo, do Rio de Janeiro. Tem mais aqui.

3 comentários:

Ana Guimarães disse...

Maria Clara, quem foi que te enganou com essa história de vc ser rude?
vc é um docinho! quem te conhece sabe! adorei o texto da Martha...é isso mesmo. Ser legal é elegante! Beijos, lindona!

Letícia disse...

Concordo com a Ana. E a Indonésia está te fazendo ser ainda mais elegante! Adorei o post. Beijos

Fabiana Gomes de Carvalho disse...

Que legal seu texto, Marie! A Martha é muito massa, me amarro nos escritos dela. Acho que a elegância não ensaiada, mas colocada por bem ainda é a mais bacana. E te digo com firmeza, você é ELEGANTE! Beijo! Fabí