quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A revolta do telefone

Esses dias uma camarada veio até a minha sala dizer que sim, eu estava certa, havia mesmo baratas dentro do meu telefone. Disse isso numa naturalidade absurda, quase como se mascasse chicletes. O ministério é tomado por baratas, para quem não sabe. É preciso conviver com elas. É, portanto, uma realidade absurda. O final feliz, para os revoltados como eu, é a escrita. Quando tomam corpo, as palavras ficam importantes. É como se assumissem um cargo de confiança. Ando lendo Bukowski - Misto Quente, para ser clara. Fico pensando em como ele descreveria o barulho das baratas dentro do telefone. Já me peguei reescrevendo frases dele só para senti-las minhas. Tem uma, em especial, que sonho ter escrito. “Eu não disse mais nada porque, quando você sente ódio, a última coisa que deseja é suplicar...”.
Fiquei calada quando o camarada disse: - o telefone funciona, só posso trocá-lo se estiver quebrado.
Meu final feliz, nesse caso, é ler Bukowski e sentir nojo do telefone.

3 comentários:

Letícia disse...

Reza a lenda que um cidadão se aventurou em desconectar o fio do bocal por onde falamos no telefone, bateu três vezes com ele na mesa e caíram do buraco do fio diversas mini-baratinhas e ovinhos de barata. O mais sinistro é que ele sobreviveu para contar a história.

Fabiana Gomes de Carvalho disse...

Aaaah, se elas estivessem apenas nos telefones do ministério...

Ana Guimarães disse...

As baratas sim estão revolucionando! carcomendo a educação de dentro para fora!