Essa história de intuição é uma faca de dois legumes. Tudo bem: temos lá mecanismos estranhos de captação da realidade. Ocorre que ficar o tempo todo xaropando, com frases do tipo “sinto isso, sinto aquilo”, é das coisas mais chatas da história. E tem outra: nossos sentidos falham. Os olhos falham, o tato falha, o paladar falha...Por que essa história de que a intuição é infalível? Infalível uma ova! Eu já ouvi mil vezes, de amigas e de mim mesma, coisas do tipo: “eu sinto que ele é cara certo” ou “sinto que ainda teremos algo”. Minha gente, isso não é intuição, isso é vontade! Acho que intuição é justamente o oposto disso. É aquela coisinha insuportável que, no meio de um jantar lindo, incorpora o grilo falante e diz: “Hum... aí tem treta!” ou “Segura que lá vem!”. É isso! Para diferenciar intuição de vontade, me pego com meus santos e mando logo a história de “dê-me sabedoria para distinguir uma da outra!”. Enfim, estou desabafando. Ando cansada de ver amigas repetindo os mesmos erros e usando o argumento da sensibilidade para se esquivar. Na verdade, ando cansada da associação das palavras intuição com feminina. Homem também tem intuição, ou não? Acho um desserviço para as mulheres essa ligação entre gênero e sensibilidade. Ainda acredito que haja mulheres racionais e homens sensíveis.
Um certo professor de matemática dizia que não dá pra comparar laranjas e bananas. A imagem é ótima. Não dá pra comparar país rico com pobre, gente que estudou a vida inteira e gente que só começou agora, roupa de festa com pijama. E a imagem tem a ver com o tanto de coisa que temos pra contar, tudo ao mesmo tempo: dicas de livros, filmes, músicas, impressões da vida, rotina de trabalho, contos, poesias e qualquer coisa incomparável ou não. Um monte de bananas e laranjas.
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