A duras penas, me rebelo. Não por achar digno, nem por vontade de mudar o mundo. Rebelo-me por não saber fazer diferente. Invejo profundamente os que sabem calar, os discretos. A mim, entretanto, essa angústia amarga a subir pela garganta feito vômito em final de festa. É necessário colocar para fora, apesar do mal-estar, dos resíduos, da superexposição, do incômodo, enfim. Barthes diz que a linguagem é fascista, já que obriga a dizer. Pela necessidade de reconhecimento, diz ele, a linguagem se repete e cria os estereótipos. O sujeito, dentro desse raciocínio, é ao mesmo tempo mestre e escravo. Que diria Barthes, penso narcisicamente, se conhece uma pessoa que, além de estar sujeita à linguagem, sente intrinsecamente a obrigatoriedade de falar?
Toda essa reflexão é porque o amigo Danilo Almeida me mandou um link de um texto teoricamente bom. Qual não foi minha surpresa ao me deparar com pérolas machistas, jogadas a esmo, camufladas sob um texto bem escrito e cheio de referências alegres? Seguem alguns trechos que julguei chocantes.
“Atualmente, a relação da mulher com as coisas, retratada pelos veículos de comunicação, está no ápice de uma escalada da abstração. Se em determinado momento a relação era com o gigantismo do lar, depois passou a ser uma relação de amor e, logo em seguida, um ligeiro encontro com si mesma. Agora, a moda é uma relação que não é sexual, mas quase sem o sentido do toque apenas possibilitado pela intimidade. Chegou o momento de uma relação genital.
Percebo as jovens se encantando com os textos fáceis, ligeiros, quase que poéticos sobre relações, por vezes promíscuas – não quero parecer conservador – retratadas em blogs de mulheres que atingiram um bom nível de reflexão de suas experiências, mas se esquecem do fator individualidade.
É fundamental termos responsabilidade com o que colocamos na rede mundial de computadores”.
Enfim... fui lá e respondi ao autor, p da vida. Único comentário que criticou o texto até então. Adivinha quem pagou de reacionária, rebelde sem causa? Disseram até que eu “não li direito”. Eu não li?? Eu?? Reli três vezes, incrédula. Precisando sinceramente de um abraço nesse momento.
PS: Quem quiser conferir o texto completo a que me refiro, acesse. http://rodrigopael.blogspot.com/2011/06/das-revistas-femininas-aos-blogs.html#comments
Um certo professor de matemática dizia que não dá pra comparar laranjas e bananas. A imagem é ótima. Não dá pra comparar país rico com pobre, gente que estudou a vida inteira e gente que só começou agora, roupa de festa com pijama. E a imagem tem a ver com o tanto de coisa que temos pra contar, tudo ao mesmo tempo: dicas de livros, filmes, músicas, impressões da vida, rotina de trabalho, contos, poesias e qualquer coisa incomparável ou não. Um monte de bananas e laranjas.
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3 comentários:
Nossa, que péssimas leituras vc anda fazendo. Em vez de te dar um abraço, vou te sugerir uns blogs de gente que pensa. Por exemplo, o meumeninotigre.blogspot.com, hahahahah. Sério, esse cara é péssimo. Neeeeemm!
Indico outro blog, de uma professora, olha só! Mas esse presta: http://escrevalolaescreva.blogspot.com/
Oi pessoas! Que bom que existem amigos lindos para indicar boas leituras e tomar nossas dores! ;)
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