quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A vida parou ou foi a bicicleta?


O belemense das palafitas anda de bicicleta. Guamá, Jurunas, Terra Firme: a periferia carrega tudo de bicicleta. A namorada vai na garupa, os sacos de farinha d’água, o gás pro almoço e pra janta, açaí da ilha pra comer com peixe no café da manhã. A cerpa de qualquer hora e a sinuca no boteco da esquina chegam mais rápido de bicicleta.

Ninguém sabe se ela leva o ciclista ou se o ciclista tem vida própria. Ela pára no meio da rua sem calçadas, sem esgoto, cheia de água parada. Ela não se incomoda com o lixo amontoado, liga o mute pras buzinas dos carros de outras bandas, desfila acompanhada. Ela leva o menino barrigudinho e o cachorro magro pra brincar no campo de futebol imaginado. Ela carrega a mãe pro ponto de ônibus alagado e a menina pra namorar detrás da casa abandonada. Ela não é vaidosa, anda enferrujada, descascada, sem marca e cheia de marcas. De bicicleta, a vida no bairro-cheiro-de-chorume passa e só a gente pública de Belém não quer ver.

Um comentário:

Alexandre Marino disse...

Em cima de uma bicicleta ninguém é infeliz.